Friday, October 25, 2013

A polêmica chegada dos médicos cubanos



No final deste último mês, o Brasil começou a receber os primeiros dos quatro mil médicos cubanos que irão participar do polêmico programa "Mais Médicos" do governo federal (que projeta trazer dez mil médicos). Digo polêmico, porque realmente nosso país necessita de mais saúde, educação, segurança e infraestrutura, porém gasta de forma irresponsável preciosos recursos financeiros na organização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 construindo obras superfaturadas e de baixa qualidade, um dos motivos dos violentos protestos recentemente ocorridos em nosso país! Pra se ter uma ideia, no último ano, o então Primeiro Ministro Mário Monti da Itália retirou de forma responsável a candidatura do seu país pra sediar a Olimpíada de 2020, dando como justificativa a crise financeira que assola a Europa, apesar de agora estes países estarem começando a sair da recessão!
            Ninguém é contra a chegada de profissionais, principalmente, na área de saúde. O que faz com que nossa indignação com o Brasil seja ainda maior é o abandono, o descaso do poder público para com as instituições que cuidam da saúde do nosso povo, conforme magnífica matéria apresentada pelo programa Profissão Repórter da Rede Globo na última terça-feira de agosto. O que causa desconforto é a forma como estes profissionais foram selecionados. Na realidade, não houve seleção, foram escolhidos a dedo por meio de um acordo absurdo! Um acordo que destina 60% do salário deles a um país que tem um regime político complicado, como é o de Cuba (se é que vão receber a diferença!); que proíbe estes profissionais de trazerem suas famílias e, ainda, determina que terão uma rígida “supervisão”, não podendo deixar os alojamentos destinados a eles! Além disso, permanece a dúvida sobre as razões pelas quais os médicos cubanos foram dispensados de fazer o “Revalida”, prova aplicada a todos os profissionais graduados em países estrangeiros, inclusive brasileiros, que querem exercer a medicina aqui!
            Enquanto isso, autoridades do governo incitam a população a chamar de “burgueses” os profissionais que batalharam duramente em um dos cursos mais difíceis que é o de medicina, além de comprometerem as economias de seus familiares para se graduarem! Em outra via o governo, ainda, se exime das precárias condições de trabalho e da péssima estrutura oferecida aos profissionais da saúde e aos pacientes!
            Vale observar, ainda, que já estão em estágio avançado novos projetos como “Professores sem fronteiras” e “Engenheiros sem fronteiras”, provavelmente destinados a profissionais de países ligados à ideologia do partido que atualmente governa o Brasil! E, não se enganem, outras profissões poderão entrar nestes programas! Algo totalmente absurdo, mas  nada é impossível! Sabe-se que no congresso nacional já tramita um projeto de lei para perdoar as dívidas fiscais dos clubes de futebol brasileiros, em torno de 3 bilhões de reais, quando na realidade deveriam ser cobradas com urgência e os valores investidos em projetos de educação e saúde! Recursos que poderiam melhorar a capacitação dos profissionais brasileiros, haja vista o tempo que ainda vai demorar  para que os royalties do petróleo sejam destinados à educação, pois somente novos contratos, programados para 2020, serão privilegiados!
            Por conseguinte, ouvir autoridades chamar pessoas que trabalham duro de “burguesas” e “mercenárias", é um absurdo inaceitável. Por isso, gostaria de sugerir a estes senhores que façam como o Presidente do Uruguai, Jose Mujica, que leva um estilo de vida simples dirigindo seu próprio fusca, e doem 90% dos seus salários!

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