A polêmica chegada dos médicos cubanos
No final deste último mês, o Brasil
começou a receber os primeiros dos quatro mil médicos cubanos que irão
participar do polêmico programa "Mais Médicos" do governo federal
(que projeta trazer dez mil médicos). Digo polêmico, porque realmente nosso
país necessita de mais saúde, educação, segurança e infraestrutura, porém gasta
de forma irresponsável preciosos recursos financeiros na organização da Copa de
2014 e das Olimpíadas de 2016 construindo obras superfaturadas e de baixa
qualidade, um dos motivos dos violentos protestos recentemente ocorridos em
nosso país! Pra se ter uma ideia, no último ano, o então Primeiro Ministro
Mário Monti da Itália retirou de forma responsável a candidatura do seu país
pra sediar a Olimpíada de 2020, dando como justificativa a crise financeira que
assola a Europa, apesar de agora estes países estarem começando a sair da
recessão!
Ninguém
é contra a chegada de profissionais, principalmente, na área de saúde. O que
faz com que nossa indignação com o Brasil seja ainda maior é o abandono, o
descaso do poder público para com as instituições que cuidam da saúde do nosso
povo, conforme magnífica matéria apresentada pelo programa Profissão Repórter
da Rede Globo na última terça-feira de agosto. O que causa desconforto é a
forma como estes profissionais foram selecionados. Na realidade, não houve
seleção, foram escolhidos a dedo por meio de um acordo absurdo! Um acordo que
destina 60% do salário deles a um país que tem um regime político complicado,
como é o de Cuba (se é que vão receber a diferença!); que proíbe estes
profissionais de trazerem suas famílias e, ainda, determina que terão uma
rígida “supervisão”, não podendo deixar os alojamentos destinados a eles! Além
disso, permanece a dúvida sobre as razões pelas quais os médicos cubanos foram
dispensados de fazer o “Revalida”, prova aplicada a todos os profissionais
graduados em países estrangeiros, inclusive brasileiros, que querem exercer a
medicina aqui!
Enquanto
isso, autoridades do governo incitam a população a chamar de “burgueses” os
profissionais que batalharam duramente em um dos cursos mais difíceis que é o
de medicina, além de comprometerem as economias de seus familiares para se
graduarem! Em outra via o governo, ainda, se exime das precárias condições de
trabalho e da péssima estrutura oferecida aos profissionais da saúde e aos pacientes!
Vale
observar, ainda, que já estão em estágio avançado novos projetos como
“Professores sem fronteiras” e “Engenheiros sem fronteiras”, provavelmente
destinados a profissionais de países ligados à ideologia do partido que
atualmente governa o Brasil! E, não se enganem, outras profissões poderão
entrar nestes programas! Algo totalmente absurdo, mas nada é impossível! Sabe-se que no congresso
nacional já tramita um projeto de lei para perdoar as dívidas fiscais dos
clubes de futebol brasileiros, em torno de 3 bilhões de reais, quando na
realidade deveriam ser cobradas com urgência e os valores investidos em
projetos de educação e saúde! Recursos que poderiam melhorar a capacitação dos
profissionais brasileiros, haja vista o tempo que ainda vai demorar para que os royalties do petróleo sejam
destinados à educação, pois somente novos contratos, programados para 2020,
serão privilegiados!
Por
conseguinte, ouvir autoridades chamar pessoas que trabalham duro de “burguesas”
e “mercenárias", é um absurdo inaceitável. Por isso, gostaria de sugerir a
estes senhores que façam como o Presidente do Uruguai, Jose Mujica, que leva um
estilo de vida simples dirigindo seu próprio fusca, e doem 90% dos seus salários!
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